segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Os alemães e teuto-brasileiros na indústria pelotense


As façanhas de Jacob Klaes (parte 2)


(Dedicado aos amigos Jonas Tenfen e Sérgio Schwanz)

                                                                                                                                                                                                     A.F.Monquelat

        

         Antes de darmos continuidade à descrição da fábrica de fumos de Jacob Klaes, queremos acrescentar que o Sr. Klaes era filho de Anna Maria Klaes e nasceu na Alemanha, como já o dissemos, aos dois (2) dias do mês de novembro de 1834.

         No Brasil, recebeu sua carta de naturalização aos 28 de agosto de 1867, em Minas Gerais, conforme Decreto Imperial de nº 1419.

         O Sr. Jacob Klaes foi o primeiro industrial a estabelecer fábrica de fumos na cidade de Pelotas. A fábrica estava situada à Rua Santa Bárbara [atual Marechal Deodoro] nºs 44 e 46.

O maquinário da fábrica em Pelotas

         À entrada, estava o armazém de fumos beneficiados, prontos para o consumo, estando à esquerda de quem entrava o escritório.

         Ao fundo, ficava a passagem para os depósitos e oficinas.

         Em primeiro lugar, vinha o depósito de fumos em folhas e desfiados em um espaçoso armazém, seguindo-se um pátio enorme onde, em pequenos mas regulares quartos, ficavam algumas oficinas.

         Primeira – a oficina de cigarros tendo seis operários e podendo fabricar mensalmente de quatrocentos a quatrocentos e cinquenta mil cigarros.

         Tinha também uma pequena máquina americana, movida a braço e destinada a picar fumo pelo sistema de Havana [Cuba]. 

         Segunda – oficina de enlatação e preparação de fumos desfiados.

         No centro da oficina, havia um imenso tabuleiro para o enlatamento.

         Ao lado, duas prensas destinadas ao fumo em corda e, do outro lado, outro tabuleiro para o fumo desfiado.

         Nesta oficina, trabalhavam três (3) operários.

         No pátio próximo da casa das máquinas, ficava um forno-caldeira, de cobre, destinado a abrir o fumo desfiado.

         Terceira – oficina de máquinas. Um motor vertical marca Lincoln, força de dois (2) cavalos, que movia os seguintes aparelhos: um tambor de desfiar fumo, indústria nacional, fabricado em Rio Grande na fundição do Sr. Joaquim José Dias; uma serra redonda, para serrar a lenha para o motor; e uma importante máquina de cortar fumos, marca Robert Legós, que podia cortar diariamente vinte arrobas de fumo.

         Havia também uma máquina movida a mão, para picar fumo, podendo picar diariamente onze arrobas.

         Possuía ainda outra máquina, marca Robert Legós, uma das mais aperfeiçoadas na época, também destinada a cortar fumo para desfiar.

         Nesta mesma área, estava instalada a oficina de ferreiro, para o conserto das máquinas quando necessário.

         Naquela seção, trabalhavam três (3) operários.

         Passando-se novamente ao pátio, encontrava-se, ao fundo, a oficina de extrato, onde havia uma fornalha-caldeira, de ferro, para o extrato que podia conter cinco (5) arrobas de mel.

         Neste pátio, e próximo ao armazém, havia um depósito onde o fumo era arejado.

         Além dos fumos, aqui mencionados, o Sr. Klaes fabricava também toda a qualidade de charutos e cigarros.

O Sr. Jacob e o trigo

         No primeiro trimestre do ano de 1887, chegaram a bordo do paquete Jaguarão e, a expensas do Sr. Jacob klaes, duas famílias de colonos alemães, oriundas de Santa Catarina, onde estavam domiciliadas.

         As famílias eram compostas de 11 pessoas, todas conhecedoras da cultura do trigo.

         Esses colonos foram instalados em terras do finado Serafim Gonçalves Escobar, situadas entre as estações de Basílio e Piratini.

         Dizia o jornal estar informado de que o Sr. Jacob Klaes estava empenhado em mandar vir mais colonos para estabelecerem-se em “nossas vastas regiões” para dedicarem-se ao cultivo do trigo e do fumo.

         Tais notícias, que o jornal registrava com satisfação, eram sempre  prenúncio do progresso e do futuro engrandecimento agrícola e industrial.

         Honra, portanto ao Sr. Klaes que, dessa forma, tornava-se credor do progresso agrícola e industrial pelotense e eram os votos do jornal que não esfriasse em suas tão úteis e proveitosas iniciativas.

Os telhados de papelão do Sr. Jacob Klaes

         Aos 10 dias do mês de abril de 1887, foram convidados alguns jornalistas da imprensa pelotense para visitarem a “lindíssima residência campestre” do incansável e criativo empreendedor Jacob Klaes, situada em um dos mais “pitorescos locais dos subúrbios” desta cidade, onde tiveram eles a oportunidade de observar, entre várias coleções “artísticas de objetos que o espírito do notável industrialista” se deleitava em criar e organizar, a utilidade das telhas de papelão.

         O telhado de papelão ainda não estava em uso “entre nós”, entretanto, para galpões, meias águas, galinheiros e outras peças necessárias em uma casa de comércio ou de residência, oferecia inúmeras vantagens, segundo avaliação de um dos jornalistas presentes.

         O telhado inventado pelo Sr. Klaes tinha a seu favor a grande modicidade do preço, a leveza que permitia colocar estas telhas sobre madeiramentos fracos ou de segunda mão, a duração e a consistência que não possuíam as telhas comuns, sujeitas de quebrarem-se ao choque de qualquer objeto.

         A colocação das telhas, como visto foi, era facílima e pouco trabalhosa. Dava-lhes a consistência e a impermeabilidade necessárias, aplicando ao papelão sucessivas pinturas de alcatrão e camadas de areia fina.

         Era um novo e barato sistema de cobrir galpões, contra-feitos [puxados] e outras peças do interior das habitações, coisa que os jornalistas, por primeira vez, viram posta em prática na propriedade do Sr. Klaes.

  

 

                                                                                              Continua...

                  

        

Fonte de consulta e imagens: Bibliotheca Pública Pelotense - CDOV 
 


Revisão do texto: Jonas Tenfen        

Tratamento de imagem: Bruna Detoni

 

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