sábado, 12 de dezembro de 2015

Bule Monstro: pequena história de um grande bazar

 (parte 1)

         A.F. Monquelat


        
         Dia 15 de abril de 1882, com a denominação de Bule Monstro, abria-se à concorrência pública um estabelecimento de louças, cristais, porcelanas, móveis nacionais, estrangeiros e infinidade de outros artigos de bom gosto, modernos e luxuosos.
         Eram proprietários da nova loja os senhores Alfredo Ferreira Sampaio e Antônio Francisco Madureira. A sociedade Sampaio & Madureira durou até 31 de maio de 1885.
         O local, segundo a imprensa da época, Rua São Miguel [atual 15 de Novembro] nº 177, era um dos melhores da cidade.

         A especialidade do bazar, quando inaugurado, era os mais lindos aparelhos, salvas, estátuas e etecétera, feitos de finíssimo barro e cujo trabalho, diziam os proprietários, era de uma perfeição admirável.  

         Dia 15 de fevereiro de 1885, S. A. a princesa imperial visitou em Pelotas, pela manhã, a ourivesaria do Sr. João Resende, a relojoaria do Sr. Nathorf, a loja de louça Bule Monstro, a correaria do Sr. João Loth e o estabelecimento de móveis do Sr. Vignoles.
         Aos seis dias do mês de julho de 1885 o Sr. Alfredo Ferreira Sampaio, estabelecido nesta cidade com loja de louça à Rua São Miguel [atual 15 de Novembro] denominada Bule Monstro, participava ao comércio e ao público em geral que, em data de 1º de junho de 1885, fizera sociedade com o Sr. Pedro Afonso dos Santos na referida casa de negócio, cuja razão social passaria a ser Sampaio & Santos.

         Em 2 de setembro de 1899, foi noticiado pelo Correio Mercantil estar na cidade, onde vinha fixar residência, associando-se a casa de louças Bule Monstro, o Sr. Alberto Sampaio, que fora negociante na cidade de Rio Grande.
         Aos 19 dias do mês de junho de 1912,  o Correio Mercantil publicava a seguinte circular: “Pelotas, 1º de junho de 1912. Ilmo. Sr.: Tenho a honra de levar ao vosso conhecimento, que nesta data adquiri, por compra feita à Exma. Sra. Fortunata de Faria Sampaio, todas as existências de sua casa de louças denominada Bule Monstro, que foi de propriedade de seu finado marido Sr. Alfredo Ferreira Sampaio, continuando debaixo da minha firma individual a explorar o mesmo ramo de comércio e mais o que convier possa.
         Apesar de ser este estabelecimento o mais antigo e acreditado de Pelotas, não obstante procurarei ainda introduzir grandes melhoramentos e sempre conservar escrupuloso sortimento.
         Dessa forma penso poder merecer-lhe a mesma confiança que dispensastes ao meu antecessor.

          Ass. Antônio Gigante.” 

      Também a Sra. Fortunata de Faria Sampaio comunicou ao redator do Correio Mercantil ter vendido ao Sr. Gigante a aludida casa.


         Em 10 de julho de 1912, era anunciado que no domingo, dia 7 de julho, fora inaugurado no “velho e acreditado bazar” Bule Monstro estabelecido à Rua Andrade Neves, então de propriedade do Sr. Antônio Gigante, uma seção de coroas e ornamentos fúnebres.
         Era, segundo a imprensa, extraordinária a variedades de artísticas coroas expostas.
         O sortimento de cruzes, ramos e outros ornatos, era enormes.
         Até altas horas, no dia da inauguração, conservara-se em exposição à seção recém-inaugurada, sendo grande o número de pessoas que foram apreciá-la.
         Conforme fora anunciado, dia 9 de março de 1913, realizou-se uma grandiosa exposição na “conhecida casa de louças Bule Monstro”.
         Na primeira vitrina, que era a maior, foi exposto um grande mostruário de artigos niquelados e prateados da marca Württfmbergische,  uma das indústrias mais afamadas e conhecida em todos os mercados.
         Esse sortimento, que era colossal, compunha-se de aparelhos para lavatórios, chá, café, serviços para champagne, água, vinhos, cerveja, gelados, ovos, foreiros, jarras, vasos para flores, fruteiras, centros, geladeiras e muitas outras peças diferentes, com diversas utilidades, sobressaindo um grande serviço doméstico, muitíssimo variado.
         Na vitrina imediata àquela, achava-se exposto um completo sortimento de niquelados, da mesma marca Würitemsbergische.
         No salão principal, em continuação às vitrinas, foi feita uma exposição geral de artigos de porcelana de Sévres, aparelhos para jantar, chá e café. 



         Também havia neste compartimento uma magnífica quantidade de cristais de Limoges, aparelhos para lavatórios de 6, 7, 10, 18 e 24 peças, muito variados em cores, que agradavam à vista.
         O assoalho deste salão fora completamente coberto com um grande tapete, sobre o qual se via, em grande profusão, um variado sortimento de elegantes peças de metal prateado.
         Também foram expostos grande número de artigos esmaltados, nacionais e estrangeiros, imitando muito bem a porcelana.
         Ali se via de tudo quanto se fazia necessário para um serviço doméstico completo.
         Destacavam-se, entre os pequenos objetos, algumas baterias de alumínio para cozinha.
         As armações do fundo, envidraçadas, eram tomadas por uma grande exposição de lampiões belgas, vendo-se todos seus acessórios.
         Ainda aparelhos para lavatórios, objetos de fantasia, cristal da Boêmia, licoreiros, biscoiteiras, portas-perfume e porta-joias, bomboneiras, garrafas, etc.
         À Rua Andrade Neves, em um depósito, foram expostas três pirâmides, uma, com Creolina 308, Dynamogenol e Palpite, magnífico sabão concentrado para limpezas na cozinha.
         Aquela exposição, que esteve segundo a imprensa da época, muito bonita, foi muito admirada e continuaria no dia seguinte.
                                                                                    

                                                                                                                      Continua...

                 

Fonte de consulta: Bibliotheca Pública Pelotense - CDOV      
Revisão do texto: Jonas Tenfen           
Tratamento de imagem: Bruna Detoni

2 comentários:

  1. Em outro tempos as empresas e comércios duravam mais pois se tinha noção de continuidade nos negócios.
    Hoje um ponto comercial dura menos de 10 anos

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  2. Sempre quis ler sobre o bule monstro. Demais.

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