sábado, 26 de dezembro de 2015

Bule Monstro: pequena história de uma grande loja

 (parte 3)                               

                                              
                                                                                     A.F.Monquelat


         Por havermos esquecido de acrescentar, o que fazemos agora graças ao Sr. Fábio da Pretérita uRBe, que nos indagou a respeito, o bazar Bule Monstro, de propriedade do Sr. Alfredo Ferreira Sampaio, mudou-se para a Rua Andrade Neves nº 145, esquina em frente a casa Scholberg & Joucla, em 9 de maio de 1904.




O bazar Bule Monstro adquire o Jarro Monstro


         Aos 31 dias do mês de maio de 1914 o Sr. Antônio Gigante, proprietário do bazar Bule Monstro, levava ao conhecimento da imprensa e do público em geral que havia adquirido, por compra, todas as existências do “importante bazar JARRO MONSTRO”, dos Srs. Teixeira Vaz & Sampaio, cujas existências ele anexara ao grande estoque do Bule Monstro que ficava, assim “mais do que sempre, em perfeitas condições para atender as encomendas de sua digníssima freguesia”.
         Aproveitando a oportunidade o Sr. Antônio Gigante comunicava que acabara de introduzir na Seção de Varejo do Bule Monstro notáveis melhoramentos, tornando-se absolutamente independente das outras seções.
         A seção de varejo, completamente remodelada e independente como se encontrava, ficaria sob a gerência do Sr. Alfredo Gigante, que não pouparia esforços no sentido de atender solicitamente as ordens com que fosse distinguido.
         Igualmente, comunicava que, em virtude da compra feita das existências do Jarro Monstro, criara também a Seção de Máquinas de Costura que ficava a cargo do Sr. Manoel J. da Silva Neto.
         Quer na Seção de Máquinas de Costura, como na Seção de Varejo, para poder ainda oferecer maiores vantagens nos preços “vender-se-à exclusivamente a dinheiro à vista”, ficando por isso, abolidas as vendas a crédito de toda e qualquer natureza, não se oferecendo amostras.
         Agradecendo a generosa preferência que recebia e, recomendando uma visitas as Seções Máquinas de Costura e Seção de Varejo, firmava-se atenciosamente.
         Em 5 de janeiro de 1916 o Sr. Antônio Gigante, proprietário do Bule Monstro, enviou ao jornal Opinião Pública uma carta com o seguinte teor: “Amigos e Senhores. A presente acompanham algumas latas de litro e vários vidros de 60 gramas do excelente produto denominado Creol.  

         Como terão ocasião de certificar-se o Creol é o mais poderoso desinfetante que há na química, pois a sua moderna fórmula encerra os princípios mais ativos que a ciência indica.
         O Creol é de incomparável efeito e de máxima eficácia não só na sua ilimitada aplicação doméstica (pois é indicado para dezenas de casos) como é um excelente remédio para tratamento do gado, porque cura a sarna e mata a bicheira logo nas primeiras aplicações.
         Após ligeiro exame de confronto, resultará para o Creol a prova de ser ele o desinfetante de mais alta concentração que existe, sendo superior a todos os seus similares, nacionais e estrangeiros.
         O Creol já se acha adotado em quase todos os hospitais do Estado, havendo sido igualmente, após muitas experiências em que se entraram todos os similares, adotados pela Light & Power, desta cidade, para a lavagem antisséptica dos seus carros.
         Agradecendo, penhorados, a publicação destas linhas. Ass. Antônio Gigante”.
         O Creol, segundo nota do Jornal, vendia-se em todas as drogarias, farmácias, armazéns e vendas desta cidade.
         O Sr. Antônio Gigante, em 10 de fevereiro de 1916, comunicava via imprensa que tendo tomado para si a venda exclusiva e propaganda do poderoso desinfetante Creol, vendido em todo o Brasil, essa nova seção lhe trazia um grande aumento de trabalho e não sendo possível, assim, cuidar de todas as dependências do Bule Monstro, resolvera ficar unicamente com a Seção de Atacado, por isso, até 31 de junho daquele ano faria a liquidação total da seção de Varejo para que ela fosse encerrada, definitivamente, até aquela data.
         Para que fosse possível reduzir o incomparável sortimento exposto na Seção de Varejo, a partir daquele dia, faria extraordinária redução nos preços de todo o ESTOQUE, o que constituiria uma formidável liquidação, por isso, quem necessitasse fazer compras de louças, vidros, porcelanas, cristais, etc., apressasse-se em visitar a Seção de Varejo do Bule monstro, onde teria ocasião de fazer ótimas compras.
         Essa colossal liquidação atingiria igualmente a Seção Máquinas de Costura, onde se venderiam todos os artigos por preços nunca vistos.
         As vendas seriam feitas só a dinheiro à vista.
         Aproveitava a oportunidade para, publicamente, agradecer a honrosa preferência com que sempre fora distinguido pela sua amável freguesia, hipotecando o seu eterno agradecimento a todos aqueles que foram seus fregueses.
         Dia 26 de agosto de 1916 os jornais noticiavam que o conhecido empório de louças Bule Monstro, de sobejo conhecido pela excelência de seus artigos e pela modicidade dos preços, faria, no dia seguinte, mais uma das suas costumeiras exposições, principalmente de objetos próprios para presente.
         Em 5 de janeiro de 1917 a imprensa de Pelotas noticiava que o “operoso” Sr. Antônio Gigante, fabricante do poderoso e popular desinfetante Creol, ia lançar no mercado mais um produto de “suas importantes usinas”.
         Tratava-se de um sabonete higiênico derivado do Creol e que iria se impor ao consumo público pelas altas propriedades antissépticas que possuía, em nada inferior a outros similares estrangeiros.
  



       Congratulando-se com o progresso da indústria local, os jornais davam os parabéns ao Sr. Antônio Gigante por mais essa tentativa de seu empreendedor espírito.
         A Opinião Pública de 17 de fevereiro de 1917, acusando o recebimento de algumas ventarolas [abanadores, tipo leques], reclame do conhecido desinfetante Creol, que o Sr. Antônio Gigante enviara, anunciava que no dia seguinte seriam expostos na vitrina de A Instaladora, todos os prêmios, medalhas de ouro e etc., conquistados em várias exposições pelo Creol.

         Informava também, que por aqueles dias seria entregue ao consumo público o sabonete antisséptico, derivado do Creol e que se recomendava para as afecções da pele.

                                                                                     Continua...

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Fonte de consulta: Bibliotheca Pública Pelotense - CDOV 
Tratamento de imagem: Bruna Detoni


                           


6 comentários:

  1. Que bom saber que de algum modo pude contribuir. Agradeço pela menção. Ótima pesquisa feita, muita coisa que gostaria de saber sobre este bazar nesta pesquisa. O grande Jarro na fachada mudou de lado por isso notei. Em uma foto que vi de 1914 aparece do lado da casa Scholberg & Joucla e em outra nos anos 60 em frente a Camisaria Paris londres.Abraço!

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  2. Sr. Alfredo Ferreira Sampaio talvez tenha sido o grande idealizador deste Bazar pois mesmo depois das sociedades com o Sr. Antônio Francisco Madureira, Sr. Pedro Afonso dos Santos e Sr. Alberto Sampaio foi a viúva do Sr. Alfredo que vendeu para o Sr. Gigante, um outro grande comerciante que deu vida nova ao Bule Monstro. Grande achado a foto do Sr. Antonio Gigante. Seguimos

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  3. O bule na fachada existe desde de a inalguração do bazar?

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  4. Meu caro Anônimo, não tenho a menor ideia se, desde a Rua São Miguel, já existia o Bule ou não. Levando em consideração o reclame do bazar quando inaugurado na São Miguel [15 de Novembro] podemos pensar que sim, mas são apenas conjecturas... Abraço.

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