sábado, 16 de janeiro de 2016

O fotógrafo Augusto Amorety em Pelotas (parte 1/2)


         Em 23 de janeiro de 1876  era anunciada a abertura do atelier do Sr. Augusto Amorety, “hábil e distinto fotógrafo” já vantajosamente conhecido pela perfeição de seus trabalhos.
         Seu estabelecimento era recomendado pela boa técnica e acabamento de seus trabalhos. Além de tirar retratos por todos os sistemas conhecidos, o Sr. Amorety tirava-os instantaneamente bem como os de crianças, qualquer que fosse a idade, com perfeição e nitidez.

A oficina fotográfica de Augusto Amorety

         Estava estabelecida, a bem conceituada oficina fotográfica do Sr. Augusto Amorety, à Rua General Neto nº 46.
         À frente estava o gabinete particular de trabalho e, em seguida, a galeria onde estavam expostos diversos trabalhos fotográficos.
         Ao fundo estava um lindo chalé, que servia de atelier para tirar os retratos. Estava bem mobiliado e com lindos acessórios. Ali se achava também a câmara escura.
    
     Possuía o Sr. Amorety as seguintes máquinas fotográficas: três máquinas objetivas de Ross, Londres; três de Dallmeyer, Londres; sendo duas para vistas e uma para extra chapa; uma máquina para estereoscópico, de Darlot; quatro prensas para retratos, de diversos fabricantes e tamanhos, e um retocador.

         Uma das especialidades do Sr. Amorety era o retrato em porcelana.
         Os trabalhos deste fotógrafo foram premiados com medalha de ouro na Exposição Brasileiro-Alemã, de Porto Alegre.
         O Sr. Amorety era brasileiro e estava estabelecido em Pelotas desde o ano de 1876, ano em que adquiriu o atelier fotográfico do Sr. Baptiste Lulhier, localizado à Rua Sete de Setembro nº61, sendo figura já bastante conhecida, como fotógrafo, na Província.
         Dia 27 de setembro de 1878, o Sr. Augusto Amorety expôs em sua vitrina, à Rua Sete de Setembro, “uma importante vista fotográfica”, em ponto grande, representando o aspecto da multidão em frente à Câmara Municipal, no dia 25, por ocasião dos primeiros festejos ao Sr. Dr. Barcelos.
         Segundo a imprensa da época, aquela era uma foto exata e de excelente efeito.
         Destacava-se perfeitamente a figura do Dr. Barcelos na portaria da Câmara, e de outras muitíssimas pessoas, que formavam o imenso grupo.
         Aos apreciadores, a imprensa recomendava àquele trabalho que em qualquer época seria uma agradável recordação daqueles momentos de regozijo.
         O Jornal do Commercio de 30 de outubro de 1879 comunicava aos seus leitores, que A Photographia, de Augusto Amorety  mudara-se para a Rua General Neto nº 33, estando aquele estabelecimento montado à capricho, podendo assim garantir a perfeição de seu trabalho. 



         Aos 29 dias do mês de janeiro de 1880 o Jornal do Commercio comunicava aos seus leitores haver em Pelotas um estabelecimento de fotografias, no qual eram tirados os retratos pelos sistemas mais modernos e com a máxima perfeição. Este estabelecimento, dizia o jornalista, pertencente ao Sr. Augusto Amorety que se achava situado à Rua General Neto nº 33, recomendava-se pelo conjunto de suas bem combinadas disposições para o fim a que se dedicava, com verdadeiro amor pela arte.
         Constava de uma câmara solar de reflexão, cuja máquina de grande força aumentava ao tamanho natural os próprios retratos em miniatura.
         O Atelier Vitrô, propriamente dito, era engenhosamente combinado para produzir as diversas vistas de paisagem, salão ou outros cenários, que figurassem no fundo dos retratos.
         As máquinas de fotografar e todos os seus acessórios eram do aperfeiçoamento mais moderno e, por isso,  suficiente para produzir os melhores resultados na arte de Daguerre, elevada a tão grande altura.
         A galeria de retratos, na maior parte de pessoas conhecidas da sociedade pelotense, era um ornamento artístico que prendia a atenção do visitantevnaquele atelier.
         Uma sala de espera, de um gosto aprimorado e modesto ao mesmo tempo, oferecia um cômodo de estar às famílias que quisessem utilizar os trabalhos que o proprietário do estabelecimento se propunha executar à vontade do público.
         Brevemente a atual vitrina seria transformada em uma nova e mais aparatosa exposição, na qual figurariam os últimos resultados obtidos pelo que havia de mais moderno em trabalhos de fotografia.
         O jornal tinha o prazer de recomendar ao público, especialmente ao “belo sexo”, o atelier fotográfico do Sr. Augusto Amorety.
         Pelotas na exposição é o título da matéria publicada no Correio Mercantil de setembro de 1881, na qual é dito que os trabalhos de fotografia remetidos pelo Sr. Amorety para a Exposição de Porto Alegre faziam jus ao seu atelier, muito mais porque não eram trabalhos feitos especialmente para concorrer àquele torneio de artistas e agricultores.
                  As fotografias escolhidas estavam colocadas em um grande quadro, com moldura dourada. Estas eram amostras tiradas aleatoriamente das coleções de retratos, do seu estabelecimento fotográfico, justamente conceituado.
         A parte central do quadro era ocupada por um retrato oval, em ponto grande, busto notável pela perfeição dos retoques, pela distribuição suave da luz e pelos detalhes artísticos aproveitados sem o menor descuido.
         Como que formando um cortejo a este excelente retrato, encontravam-se em torno dele mais dez retratos modelo Rembrandt, quatro carton promenade, quatro cabinet e dois ovais, informava o jornalista.
         Estes dez retratos eram, em geral, de uma semelhança notável, de uma nitidez e correção artística que faziam honra ao “distinto expositor”.
         Em molduras separadas, remeteu o Sr. Amorety duas belas fotografias, formando “uma graciosa coleção”.
         Uma delas representava duas crianças sentadas às bordas de um lago, que lhes refletia as imagens, seguindo com inocente curiosidade o curso vagaroso de um navio, que fundia mansamente as águas tranquilas. No outro se viam três crianças embarcadas em um elegante barquinho, amarrado a uma das margens arborizadas do lago.
         A reflexão deste grupo no espelho das águas era de um belo efeito e de uma completa ilusão.
         Os dois quadros eram em ponto grande.
         No mesmo gênero, em cartão promenade, expunha também o Sr. Amorety uma bela fotografia, representando um quadro campestre à beira do rio.
         A suavidade dos panoramas reproduzidos com uma fidelidade admirável fazia honra ao artista e bastavam para firmar o crédito do estabelecimento.
         Concluindo a matéria, o jornal felicitava o Sr. Amorety, a quem com certeza estaria reservado um lugar de destaque na Exposição Brasileiro-Alemã.

                                                                                              Continua...

        
Fonte de consulta: Bibliotheca Pública Pelotense - CDOV e acervo de A.F. Monquelat
Revisão do texto e tratamento de imagem: Bruna Detoni



4 comentários:

  1. Belo trabalho de pesquisa, Monquelat sempre no rastro da Historia dessa cidade! Moizes.

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  2. Grato pela leitura. O Amorety, bem como o Lulhier, o Serres, o Terragno, o Offer, Robert, o King, o Patacão e outros que a história não preservou os nomes, são os pioneiros nessa arte, que é a fotografia. Abraço amigo.

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  3. Excelente trabalho de pesquisa, caro amigo e colega pesquisador. O Augusto Amoretty não esteve em Rio Grande, mas tivemos aqui um Francisco Amoretty, em agosto de 1858, e o fez em volta de viagem, significando que estava aqui e retornou. Abraço amigo,

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